Enviado por Juliana Rangel -
20/2/2007
2:32
Blocos de diferentes ritmos reverenciam paz e delicadeza
Queridos amigos,
Já se foi o tempo em que os foliões contavam apenas com o Bloco de Segunda para animar o terceiro dia de carnaval. Estou escrevendo só agora porque acabo de encerrar minha maratona do dia, que teve início por volta de 12h, com a saída do bloco Songoro Cosongo, em Santa Teresa. Depois seguiu com o desfile do Pede Passagem no Baixo Gávea e, finalmente, fechou com um lindo baile do Rancho da Flor do Sereno, em Copacabana.
Pelo fato de a festa ter sido tão bacana, é com ela mesmo que vou começar este post. Segundo o produtor Nano Ribeiro o Rancho atraiu mais de 3 mil pessoas. Alguns dos foliões que conheceram o bloco nos seus primórdios sentiram-se incomodados com a rua tão cheia.
Mas quem chegou cedo conseguiu ver cenas comoventes como a de casais de idosos dançando, crianças brincando fantasiadas e adultos relembrando antigas marchas-rancho.
Alfredinho, dono do Bip Bip e um dos mentores do Rancho, lembrou de homenagear o menino João Hélio, morto ao ficar preso ao cinto de segurança de um automóvel e ter sido arrastado por diversos bairros do Rio por ladrões que haviam levado o carro de sua mãe.
- Não podemos nos conformar com a violência. Temos que cobrar dos nossos governantes. Ao invés de pedir um minuto de silêncio pelo menino João vou pedir agora um minuto de aplausos - disse.
Mesmo aqueles que chegaram atrasados conseguiram se divertir. Atrás do palco, uma multidão que procurava um pouco menos de aperto foi se formando. No ambiente, reinava o clima carnavalesco de brincadeira e descontração. Um grupo de gaiatos passou com um carro alegórico em que se lia "fumacê do descarrego" pela Nossa Senhora de Copacabana, com pedidos de paz.
O bloco também atraiu quem chegava do Pede Passagem - outra excelente surpresa do carnaval. O grupo, formado basicamente por freqüentadores do Baixo Gávea, deu a volta na praça Santos Dumont levando consigo em torno de 500 foliões.
O grupo começou a se concentrar cedo, por volta de 13h, e saiu lá pelas 15h30. Os foliões que chegaram no início do bloco ainda conseguiram se produzir com purpurina, chapéus e acessórios que foram distribuídos.
O puxador Marco Gerard desfilou no meio do bloco, com um refrão que faz menção a um sentimento que eu acredito estar presente neste carnaval: Sou do samba e da folia/ Meus amigos são minha nobreza/ funcionário da alegria/ sou do tempo da delicadeza.
Delicadeza também foi o que se viu no desfile do Songoro Cosongo, no início da tarde. O bloco, formado tanto por brasileiros quanto por "estrangeiros" conta com uma banda de sopros e tem um repertório de músicas latino-americanas único.
Entre uma e outra parada no sol quente de Santa, o grupo tocava músicas com letras em espanhol ou com temática de gringo mesmo, como: "Maracujá, abacaxi, melanciá e um limão. Maracujabacaximelancialimao misturado com cachaça fica muito bom".
E, para a maior parte dos foliões, ficava bom mesmo. Entre cervejas e sacolés de capirinha, a novidade do carnaval 2007, o povo se esbaldava com ritmos que passam pela salsa e a rumba.
A colombiana Gina (foto acima), por exemplo, não conseguiu um nome único para classificar o estilo de música. Mas estava adorando:
- Na Colômbia temos festas temáticas que são parecidas. Nosso carnaval não é exatamente como este mas também temos nossas músicas e cortejos similares - explicava, ensinando alguns passos e e mostrando que o "auge" é conseguir carregar uma vela na cabeça em algumas das festas, para provar que sabe dançar mexendo apenas da cintura para baixo...
Ah, e só para completar, dizem que o tradicional Bloco de Segunda teve um desfile incrível, com quase a metade do número de foliões do ano passado.
http://oglobo.globo.com/blogs/blognarua/default.asp?a=110&periodo=200702
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